sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pés de barro para grandes empreitadas

Hoje estou num completo bom humor.

A fraqueza é uma qualidade que me inspira curiosidade.

Espreito os comportamentos dos fracos com ávido interesse.
Sempre aprendo.

É maldade pura, eu sei, mas por vezes chego mesmo a criar cenários, para que nos biquinhos dos seus minusculos pés de barro, gritem a coragem e audácia dos seus movimentos.
Depois aguardo quieto que tudo apure, coloco no tempero a minha ansiedade.
(e assisto a isto: o perfume da angústia, da espera, do falhanço anunciado saí por todos os poros destas personagenzinhas. Eu acho graça.)

Normalmente quem envereda por grandes empreitadas, de vista farta, teima em colocar-se em bicos dos pés, falar muito e com pouca consistência (mas com muita convicção) e badalar as diversas plateias os seus feitos ou o que está para ser feito.

Ora o galo que alto canta, enrouquece rápido. E depois - como criou o hábito de berrar - apita aquele ridiculo som de galinha depenada.

Acho graça.
Normalmente o que mais admirámos veio de fracas figuras, timidas, encolhidas e que coram nos elogios. Nas grandes empreitadas vemos barrigudos de bigodes proeminentes, mas que calçam ridiculos pés com pequenos sapatos de verniz. Espero com paciência que o verniz estale, descasque, esfole... e depois com uma falsa simpatia ofereço os melhores elogios à sua fraca condição como forma de humilhação que tem de ser aceite para não demonstrar que reconhece a sua minuspresença.

Acho muita graça.

Racham-se os pés de barro, mas não sustentavam mais que fumo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

nuas em barda

Continuo orgulhosamente só.

...no caminho da minha mente.

Tudo o que renego e desejo controlar, mas não posso ter, estimula-me os músculos e a mente. Entro em escalafrios, calores, palpitações, naúseas.
Nao me consigo controlar. Mas ninguém o sabe.
Disfarço numa impiedade que me traí. Porque mesmo depois de sentir, convenço-me que não é nada epara além de mero acaso do ócio.
Disfarço a erecção por baixo da bata manchada de sangue.

Andam nuas à minha frente, mostrando os seios firmes e as carnes rosadas.
Mais que renscentista, mais que barroco. Quase burlesco.
Nada disso me dilata a pupila.
Interessa-me quem está na penumbra, na palavra não dita.
Quero devassar essas verdades sem perguntar.
Levar ao extase a disforme senhora que só se mostra no nevoeiro.
Possuir.

Na verdade sou um canibal de almas e de segredos.
E aguço-me com a espera, com a preparação do banquete. Testando a minha habilidade de manusear, manipular, maquietar a realidade e montar a armadilha.
Depois do momento não há prazer.É uma verdade absoluta.
Valerá a pena degolar a ave que guarda a jaula? seria mais uma (verdade) nua. e juntaria-se à barda.