sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

adeus gentes

o rancor e a ira são os claros sinais de pequenez, e mesquinhez. de não conseguires gerir esse infortúnio da tua incapacidade, de não te domares para aprender e voar mais alto.
a indiferença um sinal sobranceiro e alguma alienação, quando te fechas nesse mundo de exclusivos, e ainda assim todos toscos e limitados.
mas é na compaixão, no perdão e na caridade que te dediquei, que te demonstrei a minha superioridade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ozone (The Ritz-Carlton)




desfragmenta a pele em luz e recortes. mostra esse calor na face do mármore polido. Rodas-te o pé, em cima do salto, requebrando o tornozelo.

Um esforço dorido e endireitas-te perante o espelho, recolhes o cabelo em um nó, e reparas como se te nota o cansaço. Retocas a maquilhagem, molhas os pulsos e suspiras deixando-te ir na água que vai pelo ralo.

lá fora tomam forma vozes, tilintar vítreo no talher: "um amontoado de nada". Tens saudades de casa, da tua casa, de ti.
"bom..adiante" afinal foste ali por essa curiosidade esquizofrénica que te assoma.
os brilhos cegam-te a moléstia e voltas à pista de aterragem daquele bar. começas a fundir-te com o som do calor.

"Vamos divertir-nos" disseste tu a ti mesma. e nesse dia em que te libertaste dos teus medos, em que mergulhas-te sobre o abismo do desconhecido com um sorriso interno, nasceste de novo.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

hold on



shine on

".....Your freedom,I cannot bear . I'll try to be immune to the sadness

(...)

I dream, you laugh.
I can remember how it started
One day, you'll see.. Details will make all the difference
I love you, goodbye
Now you know:  I’m gone

Shine on "


[you cannot bear my freedom,
you’re not immune to sadness and pain
we both laugh and cry. we remember how it started and we don't know when its ends. it keeping us alive.it killed us
I challange you. you paralise me. again and again.
When I stopped to look at you and turn off, you shake me and came on me.

hold on]


quinta-feira, 14 de julho de 2016

para-digma

from Wikipedia

"Paradigm comes from Greek παράδειγμα (paradeigma), "pattern, example, sample" from the verb παραδείκνυμι (paradeiknumi), "exhibit, represent, expose" and that from παρά (para), "beside, beyond" and δείκνυμι (deiknumi), "to show, to point out".
In rhetoric, paradeigma is known as a type of proof. "

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Inteiro

Ameniza-te ao meu colo.
Diz-me o que leste, o que ouviste. o que te fez feliz.
conta-me as verdades carregadas de pequenas mentiras que te fazem fantasiar.
conta-me com quantas bandeiras navegaste.
mostra-me as cicatrizes. beijo-te com suavidade.

Aqui não serás senão tu.

sem fingir que não há passado, ou que o passado não é presente.
deixo que as mentiras que te contas, sejam bradadas como verdades.
seja que as verdades que se encapotam com vergonha, sejam olhadas como mentiras.

Aqui podes ser o que sejas.
aqui, não serás senão tu.
e eu por isso, serei mais eu.

desertico

sopra quente.
a jornada vai longa e pesarosa.

lá fora, algures, mimetiza-se com o vento o petiz que se dobra junto ao monte.
cai-lhe um suor.
ou seria uma lágrima? só ele sabe.

zumbam as abelhas, crestam-se as ervas daqui a nada palhas. é o que eu ouço a partir dos meus olhos nessa imagem.

pesa-me a alma numa dor magra.
não tenho espaço para prostrar os braços, deixar cair o sorriso e a pasta de educação.

sopra quente.

não é uma morna brisa de primavera que nos enleva um sorriso.
é um sopro doentio, abafado, surdo.
queima a pele, seca o brilho, fenda.
é sal na terra, uma erosão lenta. nada brota.

este sopro quente que bate em mim há tantos anos, criou um deserto, esculpiu uma escarpa, abriu um fosso.

A barriga do dragão tem um mar revolto de ansiedade, de desejos, de sobressaltos, de emoções, de uma força contida.
um vai e vem de atitudes procrastinatórias.
o dragão arrasta um fogo que não solta.






quarta-feira, 11 de maio de 2016

Dá para sentir o tiro.


a insinuação é um cenário onde se prepara a caçada.

a fera alterna com o caçador caçando-o. o caçador domina a caçada.
confundem-se entre si, num jogo de camuflagem e simbiose.

o poder está em discernir a verdade da simulação, em simular inteiramente a verdade.
a aprendizagem está a cada passo, a cada caçada, sempre e sempre um pouco mais.

o domínio da arte está em atrair a presa sem a espantar suficientemente perto para a caça. reside em ser dominado pelo fascínio perante a fera sem sucumbir e ser devorado.

a insinuação é um cenário onde se prepara a caçada.

uma palavra amarra um rosário de suposições.
sem perguntar caçador e fera envolvem uma rede de passos, de acções e de não-acções, de quietudes.

a insinuação é um cenário.
uma base moldável onde se desenrola a actuação.
meras imposturas.
fumaças.
sombras.
um fingimento próprio.

palavras sem contexto. descrições sem imagem.
o caçador e a fera não se confrontam mas mantem-se suspensos nesse impasse encantador.

a imaginação é uma poderosa arma.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

letargia, nostalgia, selvajaria, estuo.

"sinto a nostalgia da imoralidade.”
machado de assis

é o legado da nossa cobardia, esta nostalgia impiedosa, castigadora. que nos perturba em cada canto deixando um rasto lascivo de sorrisos ariscos.

aquela imoralidade sã, palpitante, que se sentava à mesa, num sol inquietante.
deixávamo-nos embrulhar na letargia da satisfação que este estado de força nos dava. sempre no pré-coito. sempre a salivar. num limbo grotesco de sedução.
 (..)
esquecer é uma necessidade que se impõe, mas não sei se é deste estuo, desta febre sob a pele, esquecer é impossível, é algo que não deixo progredir.

dizes tantas coisas a calar-te.
 
......ainda assim, não me satisfaz nem sossega. a ansia é crescente e incessante.

salta a certeza que seria um absoluto vórtice e ao mesmo tempo a paz, e sossego que imagino e.. que tivemos num mundo único de um sabor e odor inigualável.
e toda  esta certeza transforma-se numa grande desconfiança, na incerteza.

não entendo.
a nenhum de nós.
e contrariamente, tao bem contextualizo os passos dessa dança que dançamos horas infinitas.
 (...)
impusemos um padrão. cada um para si. uma regência, e... : "Quase gosto da vida que tenho. Não foi fácil habituar-me a mim. Tive de me desfazer das coisas mais preciosas, entre elas de ti..." pedro paixao

mas sabemos a verdade: ríamos como loucos, e agora ninguém nos faz rir assim. nem permitimos que vá tao fundo, ou não nos libertámos tanto porque não queremos. chorávamos sem lágrimas a alma um do outro, a conturbada existência que tivemos, o sermos uns totais deslocados, uns marginais. sentimos o toque mais profundo e sensual de todos, sem nunca nos termos tocado. olhamos tão fundo da alma que doía, ao observado e ao observador. respirámos no mesmo compasso.
repudiamo-nos tanto porque o querer era tanto que mesmo tendo sido canibais não gastaríamos este apetite. 

num equilíbrio insuperável, saltávamos entre a delicia da imoralidade, da perversidade, do humor caustico. o sol a queimar, a dor masoquista, o jogo; e a inocência e  fascínio puro, o profícuo querer, a ternura, esse amor displicente, libertador, maior.

o monstro volta a cada circulo, a cada ciclo....[ http://capitania-mimosa.blogspot.pt/2010/09/amputacao.html ]

volta por um sinal. um sopro. um som. uma  palavra.
estamos impregnados um no outro.
tapados e escondidos debaixo do tapete da nossa sala de vivencia social.

o ultimo dia da minha vida podia ser assim, em ti. nada mais restaria para viver.



quinta-feira, 31 de março de 2016

em construção

Voltas-te a desconstruir-te.

Não te sinto.
Não estas perto nem longe.
Estás entre essas duas distancias, num limbo de permanência.

Estás audível, mas indecifrável.


aí na areia.
Já te escondeste nessa sobranceira crença de que te estas a proteger. Isolado na tua capa de snobismo que não é senão o alter ego da tua fragilidade, voltas ao teu primitivo estágio.

tenho medo de te perder de vista, porque arrogante como sou, julgo que sou quem te posso dar uma verdadeira e bem assente bofetada.   uma bofetada de calor. de verdade, de luz ou simplesmente de carinho, de dura realidade.